Mostrando postagens com marcador ARTIGOS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ARTIGOS. Mostrar todas as postagens

sábado, 16 de maio de 2009

Uma crise inédita do capitalismo, tanto em suas características quanto em sua gravidade: análise e perspectivas

Trechos do artigo escrito pelo sociólogo francês Philippe Zafian em novembro de 2008 e publicado na edição de abril da revista Estudos Avançados da USP.

Uma crise inédita do capitalismo, tanto em suas características quanto em sua gravidade: análise e perspectivas

"Os grandes Estados capitalistas (dentre os quais a China e o Brasil encontram-se bem colocados) e as grandes instituições financeiras internacionais sempre estiveram alguns vagões atrasados no desenrolar da crise. "

"Estamos indo rumo a uma brutal alta da tributação sobre as pessoas físicas, sobre os "simples cidadãos", agravando ainda mais uma das causas principais da crise. "

"Num plano estritamente econômico, o capitalismo é um modo de produção muito adaptativo e flexível: ele pode se reerguer, mesmo em detrimento de danos humanos consideráveis e de um forte recuo da democracia. Como a crise é inédita, parece-me impossível, quando não inútil, especular sobre a forma que ela tomaria."

"O "social" é a última roda da carroça. A crise social é e será tanto mais difícil, pois nada foi feito para amortecê-la. O caso da França é emblemático: absolutamente todas as medidas estudadas e já amplamente iniciadas, no programa do candidato Sarkozy, estão totalmente caducas, pois se assentavam sobre a hipótese de um crescimento forte e sustentável. O princípio "trabalhar mais para ganhar mais" não tem mais nenhum sentido, e, além disso, o governo evita tocar no assunto, pois sua única consequência só pode ser: mais desempregados e um aumento do déficit do Estado. Isso vale para todas as medidas de Sarkozy. Consequência: ele navega ao sabor dos ventos e cuida da aparência para não necessitar falar da essência. "

ler artigo .PDF

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Crise Internacional


A 65ª ed. da revista Estudos Avançados da USP (aquela mesma que trás os artigos sobre Joaquim Nabuco publicados ontem) publica a primeira parte dos artigos que aprofundam o estudo da atual crise econômica. Vou publicando os links durante a semana. Quem preferir ler tudo de uma vez, encontra todos juntos no sítio da revista.

Argentina, Brasil e México diante da crise internacional Pierre Salama
A crise financeira não deveria chegar à América Latina, segundo a maioria dos economistas e governantes: o conjunto de indicadores de vulnerabilidade melhorou na maior parte dessas economias. No entanto, ela chegou e, à medida que os dias passam, anuncia-se cada vez mais severa. Os indicadores de vulnerabilidade, portanto, não são suficientes para estabelecer prognósticos confiáveis. É necessário combiná-los com indicadores de fragilidade mais confiáveis como a apreciação da taxa cambial, as desigualdades mais elevadas. Quanto piores forem esses indicadores, mais difícil será resistir à crise, e vice-versa. Como a crise nos países desenvolvidos adquiriu um caráter sistêmico e os indicadores de fragilidade não são muito bons, suas repercussões serão consideráveis nessas economias emergentes, apesar de indicadores de vulnerabilidade terem apresentado melhoras. continua



quinta-feira, 14 de maio de 2009

Joaquim Nabuco na Revista do Instituto de Estudos Avançados da USP


Joaquim Nabuco e os abolicionistas britânicos: correspondência, 1880-1905
Aspecto pouco estudado da luta contra a escravidão no Brasil é a relação estabelecida entre Joaquim Nabuco e a Sociedade Britânica e Estrangeira Antiescravidão, sediada em Londres. A correspondência entre Nabuco e Charles Harris Allen, secretário da Sociedade, e outros abolicionistas britânicos, ao longo da década de 1880 e posteriormente, revela uma parceria conscientemente buscada por Nabuco para levar a luta ao plano internacional. As cartas fornecem uma nítida visão das dificuldades encontradas por Nabuco no Brasil e da poderosa ajuda que encontrou em Londres. Uma de suas principais dificuldades foi a acusação a ele feita de falta de patriotismo a que ele respondeu afirmando a estreita relação que via entre pátria e civilização. continua

Herdeiros e vítimas da "conciliação": política e História em Joaquim Nabuco O artigo se propõe a discutir as complexas mediações entre política, memória e escrita da história, tomando como referência o recente livro de Izabel Andrade Marson, Política, história e método em Joaquim Nabuco: tessituras da revolução e da escravidão. Fundamentando-se, igualmente, em considerações de Maria Stella Bresciani e Carlos Alberto Vesentini, o texto procura problematizar procedimentos concernentes ao ofício de historiar. continua

foto: Fundação Joaquim Nabuco

Island row a failure in diplomacy

MIGINGO ISLAND HAS BEEN on the spotlight for more than a month now. The majority of Kenyans has expressed anger and frustration due to lack of clear information as to what is going on between the two sovereign states.

Matters have been made worse by comments made by government officials of the two countries. ‘‘Mijinjo is ours but we have given it to Uganda to take care of it until the issue of ownership is resolved”.

“Migingo is a non-issue at this time because we are in the process of dismantling our boundaries.”

Such statements are not only confusing but also fail to give clear information on the progress made in negotiations. This leaves room for speculation and rumour-mongering among Kenyans.

The rumours that the government sold the island to the Ugandan Government is a result of limited information from the government on the progress being made on the diplomatic front.

Psychologists will tell you that “a rumour is defined as ambiguity times importance.” This definition implies that there is an important issue which has been rendered ambiguous.

“Diplomacy is the conduct of relations between sovereign states through the medium of officials, use of tact in dealing with people or the art of lying for one’s own country.”

There are as many definitions of diplomacy as there are diplomats. But one thing is clear in diplomacy: It is our ability to think about the perception another person has of us.

Traditional diplomacy, predicated on the conduct of formal relations, will no longer stand the test of the time. Boardroom diplomacy with government officials is no longer sufficient to address the 21st century challenges of international issues affecting them.

THE WAY FORWARD FOR MIGINGO is to make use of new diplomacy which is civic, interactive and public. It implies a rethinking of representation and the mastery of a much wider range of strategies, tactics and tools.

Our success will depend on how we manage information and knowledge, both at local and international levels. This is what former President Moi alluded to when he said that the public should be informed about the progress made in negotiations over Migingo.

Government officials must learn and understand that diplomacy is no longer a preserve of the government if they are to achieve substantial progress in their diplomatic engagement.

They must be sober and inclusive to avoid negative public reactions such as what happened in Kibera where youths uprooted the railway line, paralysing transportation between the two states.

More often, Ministry of Foreign Affairs officials have over-reacted when constructive criticism has been levelled against their ministry due to lack of an enlightened foreign policy.

This only signifies a negative attitude towards change and a preference for using old tools of diplomacy, which will not lead us anywhere in the 21st century.

Dr Kenyoru is a former deputy High Commissioner in London and currently the director of the East African Diplomatic Consultants (Kenyoru@eadiplomaticconsultants.co.uk.)

Daily Nation

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mercosul and South America in Brazil’s Strategic Vision

Historical Review and Future Perspectives

por Paulo Roberto de Almeida

Analysis, both historical and prospective, about the integration process in Mercosul
and in South America, as seen from a strategic perspective, together with the main issues in
the agenda of the Brazilian diplomacy. This essay synthesizes the historical development of
Mercosul, along its various phases, discussing current limitations to its completion as a customs union. Brazil has to build a network of strong economic and political ties within the region, without loosing the achievements it already established in the framework of Mercosul.

continuar lendo Revista Asteriskos

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Fugitives from justice in Brazil

The madness of asylum

Jan 22nd 2009 | SÃO PAULO
From The Economist

Why this indulgence for a convicted killer?

WITH its extensive opportunities for committing fresh indiscretions and its giant statue of Christ extending limitless redemption, Rio de Janeiro is an attractive place in which to live as a fugitive from justice. Claude Rains elegantly hid out there in one of Alfred Hitchcock’s best films. Ronald Biggs, having robbed a mail train in 1963, swapped a British prison for Copacabana beach—and was more envied than vilified as a result. Now Cesare Battisti, an Italian thriller-writer who was once a member of a group called Armed Proletarians for Communism, has joined the list after Brazil granted him refugee status.

Before he came to Rio, Mr Battisti enjoyed a comfortable exile in France. Italy and France have long argued, in the way only neighbours can, about the number of once-violent Italian activists who have settled in Paris. Last year the French government refused to extradite Marina Petrella, a former Red Brigades terrorist (Carla Bruni, the president’s wife, went to Mrs Petrella’s hospital bed to give her the good news). Italy’s government had hoped Brazil would be more helpful. But its protests have been met with a snort from President Luiz Inácio Lula da Silva, of the sort reserved for occasions when he thinks a more developed country is telling Brazil what to do.

Mr Battisti was convicted in absentia of killing two policemen in Italy in the late 1970s. He was also found guilty of taking part in the murder of a butcher, and of helping to plan that of a jeweller (shot in front of his 14-year-old son). Mr Battisti denies these charges, but there is little doubt in Italy that his trial was fair.

Brazil’s reasons for protecting Mr Battisti are unconvincing. The justice minister, Tarso Genro, referred to his country’s tradition of harbouring political exiles, ranging from Alfredo Stroessner, a particularly nasty ex-dictator (of Paraguay), to Olivério Medina, an ex-guerrilla (in Colombia). Now that democracy is the norm in the Americas, that tradition is anachronistic. Mr Genro also seems to think that Mr Battisti was convicted of political crimes, rather than plain murder.

Two sentiments underlie Mr Genro’s reticence. One is Brazil’s reluctance to examine its own past. Whenever the question of an inquiry into the military government of 1964-85 arises, it is quickly squashed (unlike similar demands in Argentina or Chile). The second sentiment, that of solidarity, is to be found among some members of Lula’s party who were far-left militants in the 1970s. In Italy, which lost a former prime minister to the Red Brigades and had a government adviser murdered as recently as 2002 by its imitators, attitudes are much less indulgent.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

AUMENTA LA TENSIÓN EN EL SENO DE LA UNIÓN EUROPEA

Financial Times: "España podría convertirse en un problema para el euro"Tras la recomendación de un destacado economista acerca de la posible salida del euro por parte de Irlanda, se suma ahora la preocupación sobre la pertenencia de España a la Unión Monetaria. La edición alemana del Financial Times advierte que España podría convertirse en un "problema para el euro".


(Libertad Digital) La tensión política y económica en el seno de la Unión Monetaria sigue in crescendo. La degradación crediticia de la deuda pública española aplicada por la agencia Standard & Poor´s ha situado a España en el centro del huracán acerca de la futura configuración de la zona euro, con el fin de evitar la depreciación de la moneda única.

La rebaja de rating a España y Grecia, junto con los graves problemas financieros que padece Irlanda, ha acentuado los diferenciales de tipos de interés entre los bonos de los distintos países miembros. Así, el diferencial entre la deuda de España y Alemania aumentó el lunes a un máximo de 122 puntos en los bonos a 10 años.

Asimismo, la rebaja de la calidad de la deuda de Grecia y España está acentuando la debilidad de la moneda única con respecto a otras divisas, sobre todo, el dólar. Este proceso se está convirtiendo en un tema de preocupación creciente en el seno de la Unión ante la emisión masiva de deuda pública que están aplicando todos los Estados miembros con el fin de rescatar a sus respectivas economías.

Así, el prestigioso diario económico Financial Times, en su edición germana, advierte de que "muchos economistas están preocupados porque los Estados de la zona euro puedan encontrar dificultades" a la hora de emitir obligaciones de deuda pública.

En este sentido, "la mayoría de los expertos excluyen todavía la posibilidad de bancarrota de Estados de la zona euro". Sin embargo, tal y como afirma Dorothea Huttanus, jefa del área de análisis del DZ Bank, "hace apenas un año nadie habría predicho tampoco que un gran banco de inversión como Lehman Brothers colapsaría".

El problema es que, "si un Estado quebrase", es decir, si suspendiera pagos, podría provocar un "efecto dominó" en el resto de la zona euro, según afirma el analista Ralf Preusser del Deutsche Bank.

El posible abandono de la zona euro por parte de algún país miembro es uno de los temas de mayor actualidad en los mercados, indica Aurelio Maccario, economista jefe de Unicredit para la zona euro. No obstante, el mercado estima en la actualidad que existe un 30% de posibilidades de que algún país abandone la Unión Monetaria en 2009. Pese a todo, semejante escenario resulta aún "muy improbable", ya que los costes de abandonar la moneda única serían muy elevados para el país afectado.

Aunque la Unión Europea, ayudada por el Fondo Monetario Internacional (FMI), agotaría todas sus balas económicas antes de permitir la quiebra o suspensión de pagos de un país, como lo demuestra el rescate de Letonia. El país recibirá otros 3.100 millones de euros mediante un préstamo, por lo que la cuantía total que recibirán las arcas letonas hasta 2011 alcanzará los 7.500 millones de euros.

fonte

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

10 REGRAS MODERNAS DE DIPLOMACIA

por Paulo Roberto Almeida

Passei minhas férias de verão (setentrional) na companhia de um pequeno livro para o qual minha atenção tinha sido despertada pelo Embaixador Sérgio Bath, aliás sob recomendação inicial do Emb. Seixas Corrêa, atual secretário geral do Itamaraty, ambos apreciadores de velhos manuscritos e de tudo o mais que se refira à história diplomática. Trata-se de um opúsculo hoje démodé (mas provavelmente um utilíssimo manual para meus antecessores do oitocentos), cujo autor, um diplomata monárquico português da segunda metade do século XIX, Frederico Francisco de la Figanière, o intitulou modestamente Quatro regras de diplomacia (Lisboa: Livraria Ferreira, 1881, 239 p.). Retirei-o da Biblioteca do Congresso americano, infalível para esse tipo de trouvaille, e passei bons momentos em sua companhia, 120 anos depois de sua publicação original (e, ao que parece, única).

O prazer me foi dado não tanto pelo enunciado, aliás pouco extensivo, das ditas quatro regras de diplomacia – manifestamente desadaptadas à diplomacia do século XXI – mas mais exatamente pelos seus saborosos anexos históricos, uma “colecção de modelos das principaes especies de escriptos diplomaticos”, entre elas cartas da época do tratado de Utrecht (1713), um protesto contra a violação de imunidades no período da Revolução francesa (o pobre enviado português à corte de Luís XVI jogado à prisão, como um reles conspirador aristocrata), além de outros “escriptos” do Congresso de Viena ou relativos ao Brasil imperial. Segundo Figanière, “Dos diversos ramos do serviço público, o diplomático é sem dúvida aquele em que ao agente é concedida maior liberdade no modus operandi” (p. 9), o que, se era correto em sua época de comunicações lentas e precárias, há muito deixou de corresponder à realidade de uma diplomacia cada vez mais enquadrada de perto, não apenas pela Secretaria de Estado – com a qual estamos em contato as 24 horas do dia, praticamente – mas seguida com atenção pela imprensa, pelos grupos de interesse e, agora também, pelas hordas de “anti-globalizadores” conectados às redes internáuticas de uma aldeia decididamente global.

Enfim, quais eram essas regras que apareciam como um imperativo moral, quase que de ordem kantiana, ao colega lusitano de mais de um século atrás? Elas eram o objeto de quatro curtos capítulos de observações e de recomendações a eventuais candidatos à carreira diplomática: I. Agradar; II. Ser leal; III. Antepor a palavra à pena; IV. Ter concisão e ordem no redigir. Como se vê, nada de muito esclarecedor ou propriamente entusiasmante, para a prática atual, a não ser talvez a última das regras, que vinha com uma advertência ainda válida para os tempos que correm: “O estilo prolixo e difuso é um defeito que cumpre evitar nas composições diplomáticas” (p. 70). Dois pontos para nosso antecessor português, pois que ele também achava que, de todos os deveres, o primeiro era o de bem servir a pátria, algo que não custa relembrar atualmente (e de modo permanente).

Deixo de lado as regras relativas a agradar e ser leal (ao seu real senhor, ora pois), mais adequadas talvez à “época das cabeleiras empoadas, dos peitilhos de renda, dos passeios em cadeirinhas, (ou) da pena de pato, aparada entre boas pitadas de rapé”, nas palavras de outro antecessor meu da belle époque, José Manuel Cardoso de Oliveira (in A moderna concepção da diplomacia e do comércio, 1925). A terceira regra, a rigor, também apresenta sua utilidade, uma vez que ainda costumamos tratar oralmente de algum assunto importante, antes de oficializá-lo mediante uma nota diplomática ou um aide-mémoire. Em todo caso, inspirado no exemplo do ilustre representante da diplomacia lusa de tão saudosa memória – ela foi, com toda a sua habilidade no navegar entre os interesses sempre divergentes dos principais poderes europeus, a base de nossa diplomacia imperial, reconhecidamente excelente para os padrões da época, mesmo em escala comparativa com outros países mais avançados economicamente –, resolvi arriscar, igualmente, formular minhas próprias regras modernas de diplomacia, esperando que elas possam ser bem recebidas por meus colegas de profissão mais jovens. Aqui vão elas, em formato reduzido, geralmente mais pensadas em função do ambiente multilateral, que é o comum na vida atual da diplomacia, do que para situações de relações bilaterais.

1. Servir a pátria, mais do que aos governos, conhecer profundamente os interesses permanentes da nação e do povo aos quais serve; ter absolutamente claros quais são os grandes princípios de atuação do país a serviço do qual se encontra.

O diplomata é um agente do Estado e, ainda que ele deva obediência ao governo ao qual serve, deve ter absoluta consciência de que a nação tem interesses mais permanentes e mais fundamentais do que, por vezes, orientações momentâneas de uma determinada administração, que pode estar guiada — mesmo se em política externa isto seja mais raro — por considerações “partidárias” de reduzido escopo nacional. Em resumo, não seja subserviente ao poder político, que, como tudo mais, é passageiro, mas procure inserir uma determinada ação particular no contexto mais geral dos interesses nacionais.

2. Ter domínio total de cada assunto, dedicar-se com afinco ao estudo dos assuntos de que esteja encarregado, aprofundar os temas em pesquisas paralelas.

Esta é uma regra absoluta, que deve ser auto-assumida, obviamente: numa secretaria de estado ou num posto no exterior, o normal é a divisão do trabalho, o que implica não apenas que você terá o controle dos temas que lhe forem atribuídos, mas que redigirá igualmente as instruções para posições negociais sobre as quais seu conhecimento é normalmente maior do que o do próprio ministro de estado ou o chefe do posto. Mergulhe, pois, nos dossiers, veja antigos maços sobre o assunto (a poeira dos arquivos é extremamente benéfica ao seu desempenho funcional), percorra as estantes da biblioteca para livros históricos e gerais sobre a questão, formule perguntas a quem já se ocupou do tema em conferências negociadoras anteriores, mantenha correspondência particular com seu contraparte no posto (ou na secretaria de estado), enfim, prepare-se como se fosse ser sabatinado no mesmo dia.

3. Adotar uma perspectiva histórica e estrutural de cada tema, situá-lo no contexto próprio, manter independência de julgamento em relação às idéias recebidas e às “verdades reveladas”.

Em diplomacia, raramente uma questão surge do nada, de maneira inopinada. Um tema negocial vem geralmente sendo “amadurecido” há algum tempo, antes de ser inserido formalmente na agenda bilateral ou multilateral. Estude, portanto, todos os antecedentes do assunto em pauta, coloque-o no contexto de sua emergência gradual e no das circunstâncias que presidiram à sua incorporação ao processo negocial, mas tente dar uma perspectiva nova ao tema em questão. Não hesite em contestar os fundamentos da antiga posição negociadora ou duvidar de velhos conceitos e julgamentos (as idées reçues), se você dispuser de novos elementos analíticos para tanto.

4. Empregar as armas da crítica ao considerar posições que devam ser adotadas por sua delegação; praticar um ceticismo sadio sobre prós e contras de determinadas posições; analisar as posições “adversárias”, procurando colocá-las igualmente no contexto de quem as defende.

Ao receber instruções, leia-as com o olho crítico de quem já se dedicou ao estudo da questão e procure colocá-las no contexto negocial efetivo, geralmente mais complexo e matizado do que a definição de posições in abstracto, feita em ambiente destacado do foro processual, sem interação com os demais participantes do jogo diplomático. Considerar os argumentos da parte adversa também contribui para avaliar os fundamentos de sua própria posição, ajudando a revisar conceitos e afinar seu próprio discurso. Uma saudável atitude cética — isto é, sem negativismos inconseqüentes — ajuda na melhoria constante da posição negociadora de sua chancelaria.

5. Dar preferência à substância sobre a forma, ao conteúdo sobre a roupagem, aos interesses econômicos concretos sobre disposições jurídico-abstratas.

Os puristas do direito e os partidários da “razão jurídica” hão de me perdoar a deformação “economicista”, mas os tratados internacionais devem muito pouco aos sacrossantos princípios do direito internacional, e muito mais a considerações econômicas concretas, por vezes de reduzido conteúdo “humanitário”, mas dotadas, ao contrário, de um impacto direto sobre os ganhos imediatos de quem as formula. Como regra geral, não importa quão tortuosa (e torturada) sua linguagem, um acordo internacional representa exatamente — às vezes de forma ambígua — aquilo que as partes lograram inserir em defesa de suas posições e interesses concretos. Portanto, não lamente o estilo “catedral gótica” de um acordo específico, mas assegure-se de que ele contém elementos que contemplem os interesses do país.

6. Afastar ideologias ou interesses político-partidários das considerações relativas à política externa do país.

A política externa tende geralmente a elevar-se acima dos partidos políticos, bem como a rejeitar considerações ideológicas, mas sempre somos afetados por nossas próprias atitudes mentais e algumas “afinidades eletivas” que podem revelar-se numa opção preferencial por um determinado tipo de discurso, “mais engajado”, em lugar de outro, supostamente mais “neutro”. Poucos acreditam no “caráter de classe” da diplomacia, mas eventualmente militantes “classistas” gostariam de ajudar na “inflexão” política ou social de determinadas posições assumidas pelo país internacionalmente, sobretudo quando os temas da agenda envolvem definição de regras que afetam agentes econômicos e expectativas de ganhos relativos para determinados setores de atividade. Deve-se buscar o equilíbrio de posições e uma definição ampla, verdadeiramente nacional, do que seja interesse público relevante.

7. Antecipar ações e reações em um processo negociador, prever caminhos de conciliação e soluções de compromisso, nunca tentar derrotar completamente ou humilhar a parte adversa.

O soldado e o diplomata, como ensinava Raymond Aron, são os dois agentes principais da política externa de um Estado — embora atualmente outras forças sociais, como as ONGs e os homens de negócio, disputem espaço nos mecanismos decisórios burocráticos — mas, à diferença do primeiro, o segundo não está interessado em ocupar território inimigo ou destruir sua capacidade de resistência. Ainda que, em determinadas situações negociais, o interesse relevante do país possa ditar alguma instrução do tipo “vá ao plenário com todas as suas armas (argumentativas) e não faça prisioneiros”, o confronto nunca é o melhor método para lograr vitória num processo negociador complexo. A situação ideal é aquela na qual você “convence” as outras partes negociadoras de que aquela solução favorecida por seu governo é a que melhor contempla os interesses de todos os participantes e na qual as partes saem efetivamente convencidas de que fizeram o melhor negócio, ou pelo menos deram a solução possível ao problema da agenda.

8. Ser eficiente na representação, ser conciso e preciso na informação, ser objetivo na negociação.

Considere-se um agente público que participa de um processo decisório relevante e convença-se de que suas ações terão um impacto decisivo para sua geração e até para a história do país: isto já é um bom começo para dar dignidade à função de representação que você exerce em nome de todos os seus concidadãos. Redija com clareza seus relatórios e seja preciso nas instruções, ainda que dando uma certa latitude ao agente negocial direto; não tente fazer literatura ao redigir um anódino memorandum, ainda que um mot d’esprit aqui e ali sempre ajuda a diminuir a secura burocrática dos expedientes oficiais. Via de regra, estes devem ter um resumo inicial sintetizando o problema e antecipando a solução proposta, um corpo analítico desenvolvendo a questão e expondo os fundamentos da posição que se pretende adotar, e uma finalização contendo os objetivos negociais ou processuais desejados. No foro negociador, não tente esconder seus objetivos sob uma linguagem empolada, mas seja claro e preciso ao expor os dados do problema e ao propor uma solução de compromisso em benefício de todas as partes.

9. Valorize a carreira diplomática sem ser carreirista, seja membro da corporação sem ser corporatista, não torne absolutas as regras hierárquicas, que não podem obstaculizar a defesa de posições bem fundamentadas.

Geralmente se entra na carreira diplomática ostentando um certo temor reverencial pelos mais graduados, normalmente tidos como mais “sábios” e mais preparados do que o iniciante. Mas, se você se preparou adequada e intensamente para o exercício de uma profissão que corresponde a seus anseios intelectuais e responde a seu desejo de servir ao país mais do que aos pares, não se deixe intimidar pelas regras da hierarquia e da disciplina, mais próprias do quartel do que de uma chancelaria. Numa reunião de formulação de posições, exponha com firmeza suas opiniões, se elas refletem efetivamente um conhecimento fundamentado do problema em pauta, mesmo se uma “autoridade superior” ostenta uma opinião diversa da sua. Trabalhe com afinco e dedicação, mas não seja carreirista ou corporatista, pois o moderno serviço público não deve aproximar-se dos antigos estamentos de mandarins ou das guildas medievais, com reservas de “espaço burocrático” mais definidas em função de um sistema de “castas” do que do próprio interesse público. A competência no exercício das funções assignadas deve ser o critério essencial do desempenho no serviço público, não o ativismo em grupos restritos de interesse puramente umbilical.

10. Não faça da diplomacia o foco exclusivo de suas atividades intelectuais e profissionais, pratique alguma outra atividade enriquecedora do espírito ou do físico, não coloque a carreira absolutamente à frente de sua família e dos amigos.

A performance profissional é importante, mas ela não pode ocupar todo o espaço mental do servidor, à exclusão de outras atividades igualmente valorizadas socialmente, seja no esporte, seja no terreno da cultura ou da arte. Uma dedicação acadêmica é a que aparentemente mais se coaduna com a profissão diplomática, mas quiçá isso represente uma deformação pessoal do autor destas linhas. Em todo caso, dedique-se potencialmente a alguma ocupação paralela, ou volte sua mente para um hobby absorvente, de maneira a não ser apenas um “burocrata alienado”, voltado exclusivamente para as lides diplomáticas. Sim, e por mais importante que seja a carreira diplomática para você, não a coloque na frente da família ou de outras pessoas próximas. Muitos se “sentem” sinceramente diplomatas, outros apenas “estão” diplomatas, mas, como no caso de qualquer outra profissão, a diplomacia não pode ser o centro exclusivo de sua vida: os seres humanos, em especial as pessoas da família, são mais importantes do que qualquer profissão ou carreira.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MIDEAST: U.N. Diplomats Frustrated at Gaza Impasse

Haider Rizvi

UNITED NATIONS, Jan 5 (IPS) - Disappointed with the Security Council's inaction regarding the worsening situation in Gaza, diplomats from numerous nations of the global South are close to taking the case of Israeli aggression to the U.N. General Assembly.
"It seems like they will wait for another day or two about what happens at the Security Council. If the Council does not take any action, they will be going to the General Assembly soon," a diplomatic source told IPS on condition of anonymity.

U.N. and Gaza health officials have reported more than 550 Palestinian dead and around 2,500 wounded since the offensive began on Dec. 27.

Countries like Malaysia, Indonesia, Iran and Venezuela are in favour of asking the 192-member General Assembly to adopt a resolution deploring Israeli killing of civilians and calling for an immediate ceasefire, the source said.

However, the source added that some Arab countries and others are expressing reservations about such a move.

Unlike the Security Council, the U.N. General Assembly does not have the power to implement its resolutions by force. But its verdict on international issues of war and peace is considered as important because it is based on majority vote on an equal basis.

In a statement Monday, the Non-Aligned Movement (NAM), which enjoys a solid majority in the General Assembly, said it was deeply disappointed at the "inability of the Security Council to uphold its responsibilities in maintaining international peace and security."

The 118-member group of developing nations called for Israel to end the "collective punishment" of the Palestinians, and abide by all its obligations as the occupying power under international law and relevant U.N. resolutions and that it does so "unconditionally".

That demand is not acceptable to Israel's closest ally, the United States, which enjoys veto power in the 15-member Security Council. On Saturday, the U.S. blocked a Council presidential statement calling for an immediate ceasefire by both sides.

"We want this thing to end," argued the U.S. ambassador to the U.N., Zalmay Khalilzad, before informal Security Council consultations started Monday evening. "But [first] practical engagements that are workable and durable have to be made."

When pressed by a journalist to explain what he really meant by the term "practical arrangements", the U.S. envoy responded with an air of vagueness: "Ceasefire that deals with both the rockets and [the Israeli military action]."

"We want an arrangement that can endure," he said, adding that his country was against an unconditional ceasefire because it feared that Hamas would use it to rearm itself as Hezbollah did in Lebanon in 2006.

Conversations with a number of diplomatic observers suggest the U.S. is not going to change its stance before the new administration takes charge in Washington, and that until then, the Israelis would continue their military operation Gaza.

Describing the situation as "alarming", the U.N. chief for humanitarian operations, John Holmes, said Monday that civilian casualties were steadily rising as Israeli ground operations have now intensified with ongoing aerial bombing.

"We look urgently for a ceasefire," he told reporters. "We don't know the exact number of casualties. The reports say they are over 500. The casualties are rising. Hospitals are struggling with growing casualties. Power is lacking."

The U.N. relief agency UNRWA's John Ging called the situation in Gaza "a shocking state of affairs". In a teleconference, Ging, who entered Gaza Monday, said: "The streets are empty. It's really horrible. People are terrorised and terrified. There is nowhere to flee."

Holmes said he had repeatedly called for ceasefire on humanitarian grounds but "I don't see any response to my appeal." The U.N. official said the aid crisis in Gaza was worsening day by day.

Facing the possibility of a humanitarian disaster in Gaza, General Assembly President Miguel d'Escoto Brockmann has repeatedly called for a ceasefire while terming the deadly Israeli attacks a "monstrosity".

On Monday, his spokesperson, Enrique Yeves, strongly criticised the Council for its failure to adopt a statement. "This organisation was established to establish peace," he said, adding that contrary to the hopes of many, it failed to stop "the massacre in Gaza".

"Why the Council is not making decisions? Why the people are dying every day?" he asked at a briefing.

On Monday, Amr Moussa, the secretary general of the 22-member Arab League, called the Israeli actions in Gaza "naked aggression" and demanded an immediate halt to military operations in the occupied territory.

"We want the Council to act decisively and swiftly," he told reporters before attending a meeting with U.N. Secretary-General Ban Ki-moon and several Arab foreign ministers at U.N. headquarters.

For his part, Ban expressed cautious optimism about the outcome of the meeting.

"We have agreed to work very closely so that the Security Council can take decisive and swift and credible action for a binding resolution," he said. "We will continue to work closely in the coming days with the Council and other key leaders in the region."

Ban said he was going to Washington Tuesday to discuss the current phase of the Middle East crisis with President George W. Bush, whose term expires in two weeks. When asked what he was going to tell Bush, Ban said: "I am going to stress that this situation should come to an end and [that] the civilian population should be fully protected."

While Ban flies to Washington Tuesday, Palestinian Authority President Mahmoud Abbas is due to arrive at U.N. headquarters in New York.

Experts on conflict resolution and human rights law say it is a must that the Security Council takes a firm and immediate action to stop the killing of civilians in Gaza. In this context, they are recommending a number of practical measures.

"The Council can start by a strong resolution condemning attacks by civilians on both Israel and [the Palestinian militant group] Hamas, demanding that such acts cease immediately," said the London-based Amnesty International's Malcolm Smart.

In a statement, Amnesty said it wants the Council to urge Israel to lift restrictions on the passage of humanitarian aid to Gaza and allow aid workers and journalists to have unhindered access to the occupied territories under attack.

Experts at the International Crisis Group (ICG) have also suggested similar measures and more.

"Third parties viewed as credible and trustworthy by both parties must push to end this before the toll escalates or before Israel's land incursions turn into a venture of uncertain scope, undetermined consequences and all too familiar human cost," said ICG's Robert Belcher.

In Belcher's view, Israel might win militarily and even topple Hamas, "but with clear exit and day-after scenario, a discredited Palestinian Authority and debilitated peace process, it might not be a political win."

"There are signs important actors -- European in particular, the U.S. far less so -- have learned from the experience of the 2006 Israel-Lebanon war that time is of the essence," he said. "It's not clear whether this bitter lesson will translate into quicker action."

"But," according to the ICG analyst, "devising a ceasefire acceptable to both sides is not beyond reach."

At the moment, no one really knows if such suggestions are going to work or not.

fonte