terça-feira, 5 de maio de 2009

Para ir treinando...

Redações solicitadas na 2ª etapa do concurso de 2009:

Redação:

[Natividade] Não atinou... Nem sempre as mães atinam. Não atinou que a frase do discurso não era propriamente do filho; não era de ninguém. Alguém a proferiu um dia, em discurso ou conversa, em gazeta ou em viagem de terra ou de mar. Outrem a repetiu, até que muita gente a fez sua. Era nova, era enérgica, era expressiva, ficou sendo patrimônio comum.

Há frases assim felizes. Nascem modestamente, como a gente pobre; quando menos pensam, estão governando o mundo, à semelhança das idéias. As próprias idéias nem sempre conservam o nome do pai; muitas aparecem órfãs, nascidas de nada e de ninguém. Cada um pega delas, verte-as como pode, e vai levá-las à feira, onde todos as têm por suas.


Machado de Assis. Esaú e Jacó. In: Obra Completa. v. I. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 993.

As ideias são "patrimônio comum"? Disserte sobre as implicações políticas desta questão, tendo como ponto de partida a leitura dos dois parágrafos finais do capítulo XXXVII da obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis, acima reproduzidos.


Exercício I

Comente o primeiro parágrafo do trecho a seguir, da obra Raízes do Brasil, à luz dos conceitos apresentados no parágrafo seguinte, podendo seu comentário ser ilustrado com uma referência histórica.


"No Brasil, onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo da família patriarcal, o desenvolvimento da urbanização – que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de influência das cidades – ia acarretar um desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje.

Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público."

Sergio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 145.


Exercício 2

“No conhecido Sermão da Sexagésima, pronunciado em 1655 na Capela Real, apresenta-nos ele [Padre A. Vieira] um pregador a discorrer sobre a Paixão. Fala este sobre Cristo chegando ao pretório de Pilatos, e como o fizeram rei de zombaria, com uma púrpura aos ombros: ouve-o o auditório muito atento. Diz que teceram uma coroa de espinhos e lhe pregaram na cabeça, e todos continuam a ouvi-lo com a mesma atenção. Narra, um a um, tudo quanto se sabe dos padecimentos do Senhor, e prossegue o mesmo silêncio, a mesma suspensão entre os ouvintes. Nisto corre-se a cortina, aparece a imagem do Ecce Homo, e eis que todos subitamente se prostram, todos entram a bater nos peitos, eis as lágrimas, eis os gritos, eis os alaridos, eis as bofetadas.”

Sergio Buarque de Holanda. Visão do Paraíso. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 234.

Nota: A frase latina Ecce Homo - que significa eis o homem - teria sido proferida por Pilatos, ao apresentar Jesus Cristo coroado de espinhos ao povo.


Ao fazer a paráfrase do famoso Sermão da Sexagésima (1665), do Padre Vieira, o autor de Visão do Paraíso destaca a súbita mudança de atitude do público. Interprete e explique tal mudança.

domingo, 3 de maio de 2009